sábado, 14 de dezembro de 2013

Finita

Até fiquei animada. Virar a mesa, tomar uma atitude. E sei que esses dias irão voltar.
Mas, particularmente hoje, estou cansada de esforço, cansada de frases de efeito nas quais eu não acredito.
Hoje eu queria ir pra longe dele, pra longe de mim, da minha vida.....Tenho consciência das minhas escolhas, do que me fez chegar a este ponto.
Sei que a felicidade deveria estar em mim, mas sinto falta de um parceiro de esperanças, parceiro de sonhos, parceiro de amor. Sinto falta de ser amada com fervor, com empolgação. Sinto falta de me sentir infinita. Nunca me senti assim. Queria dias preguiçosos de fazer amor onde a companhia do outro é a melhor atração. Momentos de cumplicidade que reafirmam a escolha certa. Momentos de intimidade verdadeira, sem máscaras e sem amarras.
A vida é tão complexa e falar sobre essa complexidade me dá preguiça. No entanto, viver como se essa complexidade não existisse, como se tudo fosse o trânsito, os horários e as contas a pagar, vai matando a gente aos pouquinhos. Traz um amargor do qual é difícil se desfazer.
Sinto os meus sonhos roubados, minhas esperanças apagadas e minha alegria de viver cada dia mais furtiva. E a culpa é de quem? Minha. Não poderia ser de ninguém mais.
Logo eu, que já carrego a culpa desde Eva agora tenho que descobrir que a culpa da minha infelicidade é minha. É tão mais fácil jogar nas costas dos outros....e é algo de que todo mundo tenta se convencer. Não eu, não hoje e nem do alto dos meus trinta e poucos anos.
Será que essa fase de culpa, regaço na auto-estima e prostração passa? Infelicidade do c* que já se tornou um vício.
Vou tentar. Sei que a resposta está em mim mas ter uma ajudinha não faria nada mal.
Ter um amor.
Dividir canções. Intenções. Sabores.
Que saudade do que não tive.


Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise

Blackbird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
All your life
You were only waiting for the moment to be free

Black bird, fly, black bird, fly
Into the light of the dark black night

Black bird, fly, black bird, fly
Into the light of the dark black night

Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise
You were only waiting for this moment to arise
You were only waiting for this moment to arise







sábado, 7 de setembro de 2013

Dona -de-casa



O que faz uma dona-de-casa? A dona-de-casa se preocupa com o vidro manchado, com as roupas passadas, faz compras, compra ração pro gato, cachorro, pro peixe. Limpa cocô do gato, do cachorro, do peixe e da criança! Vai na lavanderia, limpa a casa, arruma armário, desarruma armário, faz compras, paga conta, vai ao banco…..

Quando você é dona de casa se preocupa com tudo, faz tudo, providencia tudo e cuida de tudo. Você só não ganha dinheiro, não tem colegas de trabalho e não é vista com admiração.
O marido chama, a filha grita, o telefone toca, o cachorro late….. eternamente!

Quando você é dona-de casa se vê no dever de se preocupar com coisas que não ligava antes. Os cantinhos, o viço das plantas, a poeira no porta retratos ou em ter um seleção sortida de coisas saudáveis na geladeira. Aliás, antes, as únicas coisas permanentes na minha geladeira eram coca-zero e manteiga.
Agora são frutas, legumes, verduras, queijo, frios…toda semana, toda semana.

Leva a filha na escola, volta, leva o cachorro no veterinário, volta, leva a mãe pra fazer exame, volta, leva o cachorro da mãe pra cortar o topete, volta, pega a filha na escola.
Nunca trabalhei tanto! Eu não tenho vida, tenho casa, marido, filho e mãe pra cuidar.
E no dia seguinte? Tá tudo sujo de novo, tá tudo comido de novo, tá tudo descuidado de novo. E você começa…..de novo.

A coitada da dona-de-casa nunca tem folga e nunca deixa o seu local de trabalho. Não tem horário de almoço, hora-extra, férias, décimo terceiro.
Se não se cuida é relaxada. Se faz cabelo, unha e compra roupas é dondoca. Se cuida muito do filho é neurótica. Se deixa solto não sabe educar.
Ufa! E ainda tem quer ser magra! Não pode adoecer, ficar triste ou surtar.
E o que é melhor? Na hora da conversinha. Você não trabalha? Ai que bom! Então você tem tempo…..


domingo, 25 de agosto de 2013

#fundipoço

Ler sobre pessoas que sentem as mesmas coisas é ao mesmo tempo confortante e sufocante. Chega a ser assustador. A depressão é bem repetitiva e, vinda de causas diferentes, de vidas completamente diferentes traz os mesmos sentimentos, sensações, os mesmos furtos.
Ela vem sorrateiramente e furta sua vida, sua dignidade. Que coisa irritante!
Tento vê-la com bom humor, quase nunca perco o bom humor e a capacidade de rir de mim mesma, mesmo que seja uma forma de sabotagem. Mas é libertador!
Se levar a sério demais, e ainda deprimida, leva a um poço que não tem fim.
Quando tô mal e recebo um convite por SMS respondo que não dá por que hoje tô num fundipoço danado e não posso ir. Ou seja, nem deprimida meu amigos vão me levar a sério. Mas é bom né?
Pelo menos a gente finge que estar assim não é o fim do mundo. A gente tenta não se amargurar mais com os próprios problemas. Tenta viver de mentirinha, nos intervalos do sufocamento.
Falar em viver de mentirinha, menina, comprei um batom leeeeendo. Por que sim, eu fico deprimida de delineador e batom vermelho. E não me olha com essa cara.

Trabalho






Eu cobiço o emprego dos outros. Não cobiço grandes cargos nem grandes salários. Cobiço o emprego, a rotina de acordar de manhã, ter um compromisso digno, ganhar dinheiro ao fim do mês pra se sustentar e à sua família.
Nunca me faltou nada, talvez este seja o meu problema. Me falta gana, me falta ambição e talvez ânimo. Me falta coragem de colocar a cara, por achar que a minha cara não vai agradar, não vai ser suficiente e que eu nunca, nunca sei nada.
Vivo uma dicotomia. Todos ao meu redor me vêem capaz, inteligente e competente. Eu finjo que acredito, e no fundo penso: “Como posso conseguir enganar tão bem essas pessoas? De onde vem toda essa confiança que eu não reconheço em mim?”
Baixa auto-estima, pode-se pensar. Realmente essa é uma sombra que me acompanha a vida toda e que me faz, hoje, aos 32 anos, não ter um emprego e poucas vezes ter tido.
Não trabalhei na adolescência, não trabalhei na faculdade e quando comecei a trabalhar, parei para cuidar do meu bebê. Mas tá difícil cuidar do meu bebê sem me sentir completa, sem me sentir útil, sem ter uma vida. Quero dar a ela bons exemplos mas, principalmente, o exemplo de felicidade, e esse tá difícil....
Quero ensinar a ela, que escolhendo o caminho que for, estando ciente das consequências, o importante é se sentir feliz. Como ensinar isso se eu não sei?
Não nasci para ser dona-de-casa. Me frustro, me canso, me sinto vazia, fútil e inútil. Nada contra quem é feliz assim, aliás, se minha filha for feliz assim, eu estarei ao seu lado! Mas pra mim, não dá, não dá e não dá. Sinto minha cabeça encolher, sinto o meu corpo rodar, no mesmo ciclo, todos os dias, sem chegar a qualquer lugar.
Nada me gratifica mais do que me empenhar em algo, me esforçar, ajudar, trabalhar. Aquela sensação de dever cumprido junto com todo aquele cansaço. Adoro rotina! Acordar a mesma hora, fazer as mesmas coisas todos os dias, e reclamar disso. Fugir de vez em quando por que eu mereço e no dia seguinte continuar. Adoro pilhas de trabalho, adoro estruturas, adoro regras, adoro ter o que resolver. Me sentar, com meus botões, e achar a solução. Me desesperar por que não vai dar certo e no fim conseguir! Odeio errar, mas adoro saber que errei por que estava lá fazendo. Adoro papéis, adoro me indignar, adoro organizar. No meio disso tudo, respirar fundo e pensar no que há de bom lá fora. Reclamar da segunda, esperar o feriado, suspirar pelo dia que não passa. Ter o meu tempo, o meu lugar, o que é só meu, meu, que de dentro de mim, ninguém tira.
Ficar com raiva do chefe! Reclamar das condições de trabalho, reclamar do volume de trabalho, depois sentar lá toda faceira e me esbaldar. Chega, pára por hoje. Tô indo, tô indo!
Sexta-feira. Sim, hoje é sexta feira! E o que eu vou fazer no fim de semana? Correr atrás de tudo que não deu pra fazer durante a semana, dormir quase em estado de coma, reclamar que o fim de semana é curto e que amanhã começa tudo de novo. Que saudade.
Por isso eu invejo o emprego dos outros. Da recepcionista, da vendedora de sapato, do padeiro, do garçom, da moça do escritório, da secretária do médico, da atendente do plano de saúde. Eu olho e penso, eu poderia fazer isso, eu poderia estar ali! Eu só quero uma oportunidade. Oportunidade. Isso é tudo, tudo na vida de uma pessoa. E porque não me aparece um cristão com essa oportunidade. Oportunidade que me faria me sentir digna, útil, eficaz e não a ficar presa nessa neblina incerta, que não me deixa enxergar direito e me dá medo do caminho. Que me estagna e me impede de prosseguir, arriscar, conseguir.
Eu sou capaz? Sim, eu sou capaz. Minha cabeça torta me tira isso da mente, mas eu sou capaz. Talvez não de ser uma mega advogada de uma mega empresa, não neste momento. Talvez isso me pode tanto, porque é isso que esperam de mim, e mais uma vez entram aqui as pessoas. Mas eu sou capaz de trabalhar. E eu quero trabalhar. Mas não sei o caminho.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Depressão consciente ou consciência da depressão ??

Existe depressão consciente?? Estou passando por uma fase em que acho que os remédios fazem efeito, mas estou triste, triste com a vida que eu vivi e vivo. Triste com a falta de conquistas, triste com as minhas escolhas. 
Não sei se é um ciclo, você se deprime por que está triste e fica triste por que está deprimido.
Você se arrasa por que sua vida está uma m* ou a sua vida está uma m* por que você está arrasado. 
Sei que a vida tá rolando, e eu com vontade de mandar um belo f* pra todo mundo que quer me animar, por que não, eu não estou feliz e não vou ficar por que você me disse que eu tenho motivos pra ficar.
Você imagina como é ver que se tem quase tudo pra ser feliz e não é? Pois eu te digo, meu caro, minha cara, é a pior sensação do mundo. É uma sensação de culpa, de desmerecimento por estar vivo, de incapacidade de existir.......
Agride, sufoca e suga.
E esta condição dos infernos te obriga a entrar em contato com o que há de pior em você. Tratar-se significa enfrentar os seus monstros todo dia ou a cada sessão.
Tive um psiquiatra japonês. Chamava-o de Dr. Miague em segredo. Ele era igualzinho ao Sr. Miague do Karatê Kid, só que mais parrudinho. Uma graça.
Dr. Miague não começava a sessão enquanto eu não falasse. Ele ficava olhando para o chão e balançando os pezinhos. Mal me olhava. 
Um dia me revoltei e fui determinada. Só falaria depois dele. E não é que depois de uns 8 minutos de puro silêncio ele me perguntou: - E então? Deu uma risadinha interna. Foi uma grande vitória na minha cabeça maluca. 
Mas então, fato é que Dr. Miague jogava uma pedra na minha cabeça por dia. Cada vez que ia lá era uma pedrada. E eu voltava pra casa carregando aquela pedra enorme. E pensando: Japonês fdp..... (acho que eu to desbocada hoje...). A minha casa foi se enchendo de pedras, pedras que nem sempre eu conseguia resolver, ou dar destino. Ficava ali olhando pra minha coleção. Consciente das minhas desgraças e sem conseguir fazer nada por elas. 
Pois ontem eu decidi que não queria ir à terapia. Estava triste e consciente demais. E não fui. 
Hoje? Saio só pra fazer a unha na vizinha. Um pé aqui outro lá. Por que deprimida e horrorosa, ninguém merece......


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Hoje só o céu.....


A Bolha



Dor abdominal, cabeça zuada, tristeza, desânimo profundo e medo de expor minha bela figura para fora de casa. Isso por um acaso é um diário de lamentações?
Lamentações de uma adolescente chata de 32 anos: levantar da cama está sendo difícil, participar do dia-a-dia das pessoas está sendo difícil, me sinto como uma grande almofada pesada, surrada e feia, ocupando espaço no meio. Fosse uma poltrona bonita, leve e confortável, todos quereriam sentar nela. Usá-la para decorar. Mas não. Está ali, sem serventia. Ainda ocupa o espaço e incomoda a visão. Faça isso? Não consigo. Faça aquilo? Me dói.
“Óh céus, óh dia, óh azar!” Corre, corre! Vem vindo Das Dores! Ocupa o seu dia, suga a sua alegria, te indigna com sua morosidade.
Mas por que então, Das Dores, você não muda? Me dói, me consome, me faz correr o risco de ser feliz.....
Sempre defendi que a felicidade não é algo a que se busca, nem um estado. Felicidade é estar longe da infelicidade. Felicidade está na simplicidade, na leveza, no não se ligar demais. Felicidade são as pequenas coisas e o saber aproveitá-las. Felicidade é poder se sentir, se viver, se permitir, se abrir. Ver o que quase ninguém vê. Ouvir o que te faz feliz. Ser feliz com o que só importa a você.
E a minha felicidade, cadê? Estou presa nessa densa bolha de asperezas. De preocupações e pensamentos de gente ranzinza, gente cinza, gente doente. Doente de feiúra dos sentimentos.
Mas eu cobiço, eu julgo e culpo. Só Deus sabe como eu julgo. Como se estivesse em condições para tanto. Julgo a roupa, o comportamento, o modo de falar. Julgo a pressa e a lerdeza, a austeridade e a displicência. A falta de amor e o amor em excesso. A disciplina e a indisciplina. Julgo as pessoas, julgo os lugares. Por isso estaria eu cinza, ranzinza e dentro dessa bolha?
Queria eu morar em uma leve bolha de sabão, passeando com o vento, cristalina, brilhante e colorida, até se perder estourando de forma inaudível. Queria eu me livrar das cargas, dos julgamentos, das culpas e cobranças. Me tornar essa pessoa leve, saudável, desligada e longe da infelicidade, que eu sempre pintei.
O que me falta? Nada! Só falta eu. Cadê eu? Olha lá, voltamos à adolescência de novo. Tipo assim, que saco mãe.